Silvino Canuto Abreu (Canuto Abreu)

 

Silvino Canuto Abreu nasceu em Taubaté, Estado de São Paulo, no dia 19 de janeiro de 1892. Formou-se em Farmácia aos 17 anos de idade, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na qual também concluiu, em 1923, o curso de Medicina. Bacharelou-se em Direito pela antiga Escola de Ciências Jurídicas e Sociais, depois Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, no ano de 1916.  No campo jurídico, começou a advogar aos 22 anos de idade. Especializou-se em Direito Comercial, Assuntos Bancários e Econômicos, trabalhando no Banco do Brasil e outros até 1932. Desempenhou vários encargos particulares do Governo Federal. Esteve no Extremo Oriente cerca de um ano.  No campo da Medicina, cuja ciência sempre estudou e amou, escreveu inúmeros artigos publicados entre 1925 e 1930, emitindo idéias com referência à Medicina Social. Foi fundador e presidente da Associação Paulista de Homeopatia. Foi membro de várias entidades assistenciais e vicentinas, dedicou-se com afinco ao trabalho em prol da criança abandonada. Fundou no Rio de Janeiro, com outros beneméritos, alguns orfanatos. Tornou-se colaborador a partir de 1934, quando passou a residir em São Paulo, da Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, uma das mais antigas instituições de assistência à infância em nosso Estado (fundada em 1901 por Anália Franco). Juntamente com a Diretoria Geral, Cleo Duarte, empreendeu reformas e construções importantes, fazendo dos internatos, Anália Franco para meninos e Eleonora Cintra para meninas, dois estabelecimentos únicos com capacidade para mais de 300 crianças. Dr. Canuto logo cedo se acostumou aos fenômenos mediúnicos, encarando-os como fatos normais em sua vida já que, segundo ele, toda a família era constituída de médiuns. Entretanto, foi levado definitivamente ao Espiritismo pelos fenômenos provocados, em sua própria casa, pelo espírito Afonso Moreira, com o concurso da médium Maria Leopoldina Barros, conhecida como Mariquita. Afonso Moreira fora antigo amigo de seu pai e manifestava-se assobiando, conversando baixinho (fenômeno de voz direta), provocada batidas nas portas e janelas, além de aumentar ou diminuir a luz do lampião de gás de xisto betuminoso, comum nas casas daquela época. Tais fenômenos duram aproximadamente cinco meses, após o que o Espírito Afonso Moreira despediu-se, informando que ia ser levado para um lugar que desconhecia. Entretanto, ainda uma vez manifestou-se, abrindo a porteira do curral e libertando o gado que lá estava em virtude de ter ficado bastante zangado com a irmã do Dr. Canuto que, ouvindo-o bater na porta não a abriu embora sabendo que se trata dele. Na esfera teológica, empolgado desde os 18 anos pelos estudos bíblicos, empreendeu entre outros trabalhos, a versão direta dos Evangelhos gregos, tomando por base o mais antigo manuscrito do Novo Testamento, até a época. Pesquisou nas Bibliotecas do Museu Britânico, Biblioteca do Vaticano, Biblioteca Nacional de Paris. Profundo conhecedor da História do Espiritismo no Brasil e no mundo, escreveu, em 1936, quando ainda circulava a revista "Metapsíquica", órgão da Sociedade Metapsíquica de São Paulo, vários artigos abordando fatos ocorridos no Brasil até o ano de 1895, detendo-se com profundeza de detalhes na atuação do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes à frente do movimento espírita em nosso país. No ano de 1953, deu início, pelas colunas do jornal "Unificação", órgão da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, à publicação de uma série de artigos sob o título "O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária", o que fez até junho de 1954. Estes artigos, de suma importância, deveriam ser publicados em livro, o qual não chegou a sair a lume. Em abril de 1957, no evento das comemorações do I Centenário de lançamento de "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, o Dr. Canuto Abreu, que fazia parte da comissão organizadora das festividades do centenário, fez publicar, em edição bilíngüe, nos idiomas francês e português, o "Primeiro Livro dos Espíritos de Allan Kardec", reproduzido o famoso na forma em que foi lançado pelo Codificador, no dia 18 de abril de 1857, traduzindo-o também para o vernáculo. Como se sabe, aquela obra básica do Espiritismo foi sensivelmente refundida pelo próprio autor, quando da publicação da sua Segunda edição, em 18 de março de 1860, a qual se tornou definitiva. O Espiritismo muito lhe deve pelo muito que fez em favor da divulgação dos seus postulados e pelo incomparável esforço em favor das pesquisas que formam sua parte histórica. Dr. Silvino Canuto Abreu desencarnou na cidade de São Paulo, no dia 2 de maio de 1980. "Seu desencarne representa uma lacuna nas fileiras do Espiritismo, difícil de ser preenchida, a não ser com a profunda saudade que ele deixou no coração de seus familiares e amigos". O Dr. Canuto passou seus últimos anos de vida entre seus livros e documentos, sempre ativo e interessado em tudo. O Espiritismo muito lhe deve, pelo muito que fez em favor da divulgação dos seus postulados e pelo incomparável esforço em favor das pesquisas que formam parte da doutrina, no Brasil e no mundo.

 

Anuário Espírita 1981
Folha Espírita - Julho de 1980
Palavras do Dr. Hernani Guimarães

Extraído de "A Caminho da Luz", nº. 61, maio/ 81.