A ORIGEM
A Natureza é a grande mestra. Só ela contém a verdade, e todo aquele que saiba vê-la, com olhar filosófico, desvendar-lhe-á os secretos tesouros ocultos aos ignorantes. As leis que regem a evolução proteiforme da matéria física ou vivente atestam que nada aparece súbita e perfeitamente acabado.
O sistema solar, o nosso planeta, os vegetais, os animais, a linguagem, as artes, as ciências, longe de traduzirem rebentos espontâneos, são antes o resultado de longa e gradual ascensão, a partir das mais rudimentares formas até às modalidade hoje conhecidas.
Lei geral e absoluta, dela não poderia aberrar a alma humana e constituir uma exceção. Essa alma, vemo-la, passa na Terra pelas mais diversas fases, desde as humílimas e incipientes concepções do selvícola, até as esplêndidas florações do gênio nas nações civilizadas.
Deverá nosso exame retrospectivo deter-se aí? Deveremos crer que essa alma, que manobra no homem primitivo um organismo tão complicado, tenha podido, de súbito, adquirir propriedades tão variadas e tão bem adaptadas às necessidades do indivíduo?
Deverá nossa indução limitar-se aos seres que tenham exatamente os nossos mesmos caracteres anatômicos?
Eis o que não cremos, pois as transições insensíveis que nos levam fisicamente do homem à matéria, nós as encontramos no domínio intelectual, com as mesmas degradações sucessivas, tal como precedentemente demonstramos. É, pois, no albor da vida inteligente que precisamos fixar-nos para encontrar, senão a origem da alma, ao menos o ponto de partida aparente da sua evolução através da matéria.
Intencionalmente dizemos: “o ponto aparente de partida”, visto não podermos concluir legitimamente pela existência da inteligência senão onde ela se manifesta com certeza.
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Livro: A Evolução Anímica – Estudos Sobre Psicologia Fisiológica Segundo o Espiritismo
Gabriel Delanne
FEB – Federação Espírita Brasileira